Desde a minha juventude que, para além de ter o Gonçalo como um verdadeiro amigo, sinto um grande interesse pelas suas posições ecológicas, políticas e culturais. Discordei dele por vezes, mas em geral acabei por concordar que estava certo. Foi alguém que teve razão antes de tempo mas que viveu a hora certa para legar a Portugal a legislação sobre a Reserva Agrícola Nacional e a Reserva Ecológica Nacional.

As homenagens que lhe foram prestadas, tanto pela sociedade civil como pelo Estado, são um excelente sinal de que Portugal compreendeu a justiça das suas bandeiras. No entanto, nota-se uma espécie de pudor em referir que o seu pensamento ecológico e político é indissociável da sua opção monárquica.

Ele explicou sempre que ter o Rei como Chefe de Estado era a forma mais ecológica de organização política no nosso País. Este pensamento está muito bem explicado no livro A Liberdade Portuguesa, livro que resume o pensamento de Henrique Barrilaro Ruas, o qual foi o mentor político de Gonçalo Ribeiro Telles. Por isso tenho recomendado a leitura desta obra, recentemente publicada pela Real Associação de Lisboa por ocasião dos seus 30 anos. Obviamente que é também útil ler as próprias obras do Arq. Gonçalo Ribeiro Telles: A Utopia e os Pés na Terra, A Árvore em Portugal (em co-autoria com Francisco Caldeira Cabral), Plano Verde de Lisboa, e ainda Gonçalo Ribeiro Telles -Textos escolhidos.

Embora politicamente, em certas alturas, não tenha sido muito oportuna e, em todo o caso, não tenha sido compreendida pelos monárquicos, a doutrina dos fundadores do Partido Popular Monárquico, a inspiração, em parte, vinha da doutrina do Integralismo Lusitano, cujo fundamento era “aportuguesar” Portugal. As soluções concretas variavam conforme o pensamento de cada um e da própria época em que foram apresentadas, mas o fundo sempre foi este. Por exemplo: o municipalismo, a defesa das comunidades e da economia rural, a organização do trabalho, da arquitectura da paisagem e das liberdades concretas dos Portugueses.

Infelizmente a Segunda República, vulgo Estado Novo, utilizou o conceito de organização e representação política corporativa, mas desvirtuou a sua essência. Em vez de nascer de baixo para cima, representando todos os grupos profissionais, a Câmara Corporativa passou a ser controlada pelo Estado, perdendo autenticidade.

A minha Família e eu juntámo-nos, muito sinceramente, às homenagens que foram prestadas a Gonçalo Ribeiro Telles e saudámos a sua Família que mantém vivas as suas convicções.