As actividades da Fundação D. Manuel II, desde que eu assumi a Presidência, a Fundação tem-se especializado no apoio ao desenvolvimento cultural e da economia rural em vários países da CPLP. Em Timor oferecemos há alguns anos à Diocese de Baucau o melhor equipamento topográfico existente no País, para a produção de livros e publicações, assim como apoiamos projectos para o desenvolvimento da Língua Portuguesa nas regiões do interior, além de outras iniciativas. Na Guiné Bissau e em Moçambique temos apoiado o trabalho de algumas Missões no campo do ensino. Em Bubaque, no Arquipélago guineense dos Bijagós, patrocinamos uma Escola Agrícola, dirigida pelo Padre Luigi Scantamburlo. Tenho ido frequentemente a Timor e à Guiné Bissau onde sou sempre muito bem recebido. E também estamos envolvidos em alguns projectos em Angola.

Há vários anos que tenho acompanhado de perto a evolução da situação do martirizado Povo Sírio, tendo visitado algumas vezes esse País. No começo da guerra desencadeada por movimentos islamistas contra o Governo de Damasco, após ouvir a opinião do nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros e com o apoio particular de responsáveis pela União europeia, tive ocasião de visitar os Governantes Sírios e alguns líderes da oposição moderada, tendo proposto uma solução negociável. Ambos os lados afirmaram concordar com a minha proposta, mas a oposição islamista radical recusou qualquer negociação.

Actualmente o Governo ganhou a guerra mas ainda não conseguiu a paz, por não querer agredir certos países que protegem alguns dos grupos guerrilheiros. O Representante Diplomático do Santo Padre na Síria apelou a que seja imediatamente levantado o bloqueio económico imposto contra o Povo Sírio pela União Europeia e pelos Estados Unidos, pois que esta medida é em grande parte a causa da grave miséria em que vive hoje 80% da sua população. A imposição destas sanções económicas têm originado desespero, pobreza generalizada, falta de medicamentos, falhas constantes e prolongadas no fornecimento de electricidade e água e a paralisação da sua indústria. Proponho que as organizações humanitárias, laicas e religiosas tomem a iniciativa de lançar uma campanha, a fim de que a União Europeia, a que pertencemos, levante imediatamente estas sanções, mesmo que as mantenham em relação ao armamento.

A Síria tinha antes da guerra uma agricultura próspera e uma indústria relativamente desenvolvida, mantendo boa relações com os países vizinhos, incluindo, na prática, com Israel. Aliás, falando com políticos israelitas pude confirmar isto. A guerra foi lançada numa ocasião em que vários países foram afectados pela chamada “Primavera Árabe”, que curiosamente só atingiu os países que tinham relações privilegiadas com a Rússia.

Os políticos europeus deveriam lembrar-se que se a vida se tornar insustentável na Síria iremos receber muitos milhões de refugiados. Felizmente, tanto o Presidente Trump como o Presidente Obama evitaram deixar que esta guerra se tornasse ainda mais destrutiva.

Como Portugueses, também não podemos esquecer as centenas de pessoas que têm sido assassinadas recentemente no Norte de Moçambique por uma organização terrorista ligada ao mesmo movimento que tem atacado a Síria, o autodenominado Estado Islâmico ou Daesh. A Igreja Católica moçambicana e outras organizações religiosas, cristãs e muçulmanas, têm pedido ajuda urgente a Portugal por causa da gravíssima situação humanitária actual. O nosso Governo já sugeriu o nosso apoio militar no quadro da CPLP, mas aparentemente ainda não se chegou a um acordo nesse sentido. Moçambique têm recorrido a organizações profissionais que não têm tido a reconhecida eficácia das nossas tropas de intervenção. O que é uma pena considerando a ligação histórica de Portugal com Moçambique.